Mônica Schimenes, CEO da MCM Brand Group, fala sobre organizações múltiplas
A vida inteira vi pessoas que amo passar por situações de preconceito e não sabia como lidar com isso. Eu não tinha ideia de como poderia incluí-las no meu mundo, onde eu me sentia confortável e parecia que todos eram felizes do seu jeito – claro, desde que estivessem dentro das expectativas da sociedade.
Só descobri quando adoeci e fui parar na mesa de cirurgia, com um diagnóstico grave e sabendo que acordaria após a remoção de partes do meu corpo. A minha vida mudou e eu me transformei. Identifiquei algumas lacunas que possuía, talvez até mais profundas e menos expostas do que as da enfermidade.
Comecei a ver o próximo de outra maneira, entendi que o meu papel também poderia ser diferente e, assim, me aproximei daqueles que foram distantes por boa parte da vida. A minha história pessoal se entrelaça com as revoluções na forma de fazer negócios.
A diversidade está no DNA da MCM Brand Group, empresa que abri especializada em eventos corporativos e marketing de marcas. Ao nos contratar, nossos clientes aderem ao nosso propósito, gerando uma rede de organizações buscando o bem comum, perseguindo esse ideal de um mundo mais igual. Percebe como é poderoso?
Conviver com grandes negócios engajados no tema nos moveu mais rápido na direção da realização dos nossos objetivos. Nunca se tratou de “surfar no pink money” (neologismo que se refere ao poder econômico de pessoas LGBTQ+) ou “praticar greenwashing” (ato de se apropriar de causas ambientais com o intuito de lucrar sem se preocupar com o assunto). O fato é que temos vivido uma jornada que nos modificou muito e nos deu a certeza de que a diversidade é extremamente transformadora.
É necessário praticar todos os dias uma mudança de atitude para sair do pensamento automático e começar a incluir cada vez mais. Nosso desafio diário é educar os pensamentos para inserir acessibilidade, diversidade e sustentabilidade em todos os projetos. Além de reconhecer e envolver em nossa cadeia de compras pequenos empreendedores. Afinal, há pequenas empresas que só precisam de oportunidades para se desenvolver.
Essas atitudes geram grandes resultados. Posso dar um exemplo simples e, ao mesmo tempo, impactante. Que tal contratar um segurança do sexo feminino em determinado evento? Poucos imaginam, mas ter uma mulher nessa posição pode deixar as outras ali presentes mais confortáveis com o menor risco de assédio.
Diversidade é um caminho sem volta, e é muito bom saber que a minha empresa lucra, cresce e continua fiel aos valores que um dia mudaram a minha vida, com representatividade de corpos, gêneros e origens.
Hoje me envolvo em todos os projetos de diversidade disponíveis e, ainda assim, crio iniciativas por conta própria, como o selo Lado B, certificação que atesta as melhores práticas relacionadas a diversidade, inclusão e sustentabilidade. Também considero de extrema importância andar de mãos dadas com quem sabe mais do que eu e me juntar a projetos que possuem expertise em ações em que desejo me envolver.
Destaco o trabalho da ONG Integrare, que ajuda a abrir espaço no mercado para micro e pequenas empresas criadas e geridas por empresários afrodescendentes, pessoas com deficiência ou descendentes de indígenas. E também a WEConnect, associação que incentiva o empreendedorismo feminino. Gosto de estar por perto de iniciativas que gritam e reafirmam: “Somos diferentes, e isso é incrível!”.
É fundamental e gratificante dizer que começamos nosso processo dentro de casa. Atualmente, 65% do nosso quadro de funcionários é composto de mulheres; 32%, de LGBTI+; 20%, de afrodescendentes autodeclarados; e 16%, de pessoas com mais de 40 anos.
Estamos passando tudo o que aprendemos até agora aos nossos clientes. Até os gestos menores, como mudar o nosso vocabulário, contam. Vale repensar o jeito de ser, empreender e comprar, dando oportunidade e vez a companhias e pessoas diversas. Só assim vamos conquistar o país que almejamos ter.
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